31.12.03
Estranho trêmulo, em estilhaços
(quiasmo do fantasma)
Um fantasma nervoso apavora minha mente, veste branco, branco
Um branco líquido mas pegajoso que deixa entrever seus
soluços
e espasmos
cinzas.
Se é noite seu ranço alienígena me perturba
Se é dia meu sono deturpa seus sonhos e
Ele acaba fugindo de nada
de mim
das cinzas.
Se não é dia nem noite sou
sozinho
relógio.
Quando sou relógio meto medo:
a lógica de minha mente balança o pêndulo,
oludnêp o açnalab etnem ahnim ed acigól a,
e o tique-taque dessa religião faminta
e a lenta monotonia monófona instinta
enfim, o simples nojo-agir de mim-relógio
Apavora o fantasma que me ronda.
- Que é que te assombra? Um organismo?
Um orgasmo.
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Ramones.
Fala aí!
Um fantasma nervoso apavora minha mente, veste branco, branco
Um branco líquido mas pegajoso que deixa entrever seus
soluços
e espasmos
cinzas.
Se é noite seu ranço alienígena me perturba
Se é dia meu sono deturpa seus sonhos e
Ele acaba fugindo de nada
de mim
das cinzas.
Se não é dia nem noite sou
sozinho
relógio.
Quando sou relógio meto medo:
a lógica de minha mente balança o pêndulo,
oludnêp o açnalab etnem ahnim ed acigól a,
e o tique-taque dessa religião faminta
e a lenta monotonia monófona instinta
enfim, o simples nojo-agir de mim-relógio
Apavora o fantasma que me ronda.
- Que é que te assombra? Um organismo?
Um orgasmo.
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Ramones.
Fala aí!
27.12.03
Episódio 2
No bloco seguinte, o personagem principal, morto, de ponta-cabeça, não sabe o que fazer. Ele tenta gritar, mas não consegue, afinal está morto. Somente pensa:
- Caramba... Eu que acreditava nessa coisa de interatividade até outro dia. Ninguém votou, ninguém decide nada.
Aí ele ficou assustado ao concluir que todos os programas de televisão que apelam para as vontades do espectador são fraudulentos. Ele ia dizer isso no ar, para todos os cem milhões de telespectadores, mas sofreu uma intervenção da apresentadora, a Margarida Mennezzes:
- Agora os nossos comerciais!
Afinal, a reputação do programa não poderia sofrer tamanho baque.
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Djavan, enquanto curte férias de muita leitura, muito ócio e pouca escrita.
Fala aí!
- Caramba... Eu que acreditava nessa coisa de interatividade até outro dia. Ninguém votou, ninguém decide nada.
Aí ele ficou assustado ao concluir que todos os programas de televisão que apelam para as vontades do espectador são fraudulentos. Ele ia dizer isso no ar, para todos os cem milhões de telespectadores, mas sofreu uma intervenção da apresentadora, a Margarida Mennezzes:
- Agora os nossos comerciais!
Afinal, a reputação do programa não poderia sofrer tamanho baque.
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Djavan, enquanto curte férias de muita leitura, muito ócio e pouca escrita.
Fala aí!
25.12.03
Férias, né?
Mas preciso ficar mais disclipinado e atualizar isso aqui com mais freqüência. Isso inclui deixar textos como este da cor padrão: título verde e corpo da cor de burro quando foge.
Fala aí!
Fala aí!
23.12.03
Os Anjos, último capítulo de 2003
19.12.03
Torre atualizada
Nesta edição, ECM tratou de botar lá:
- A decadência do aclamado Tarantino
- O rock existencialista da nova banda de Bob Forrest
- Meus comentários sobre Denis Russo e seu livro
Fala aí!
- A decadência do aclamado Tarantino

- O rock existencialista da nova banda de Bob Forrest

- Meus comentários sobre Denis Russo e seu livro

Fala aí!
17.12.03
Episódio 1

O personagem principal olha para o espelho e ri. Um riso sarcástico e premeditado. Então ele resmunga algumas coisas em inglês que parecem ser frases famosas de Shakespeare - o que não faz a menor diferença, pois o público além de não saber inglês não tem a menor idéia de quem foi esse tal sheike.
A câmera fecha sobre seu olhar macabro, o que é só uma oportunidade de economizar os efeitos especiais para a complexa cena que virá a seguir. Aí ele se mata. Não aparece nada de sangue nem de faca - os parcos recursos financeiros destinados à essa produção não compreendiam tal sofisticação. Ele morre porque fica subentendida sua morte.
Então a cena congela e surge uma apresentadora renomada, talvez Margarida Mennezzes. Ela dirige-se ao público, aquele mesmo público que não sabe inglês nem quem foi Shakespeare e faz uma pergunta no estilo Você Decide:
"Como você quer que comece esta história? De ponta-cabeça com a morte do fim? Ou direito com o fim da morte?"
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Chico Buarque
Fala aí!
16.12.03
Marido corno
Tô me sentindo o marido corno. Minha matéria sobre a Avenida Nações Unidas saiu naquela tosca Revista Atenção na edição de 30 de outubro. Só fiquei sabendo hoje, por intermédio de uma amiga que "me leu".
O pior não é isso. O pior é que eles fizeram uma edição tosca do meu material e uma diagramação mais tosca ainda.
Não, pensando bem isso não é o pior. O pior mesmo é que, como diria a Clarah Averbuck, esses caras pensam que a tradução para free-lance é lance grátis!
[Edison Veiga Junior]
ouvindo nada
Fala aí!
O pior não é isso. O pior é que eles fizeram uma edição tosca do meu material e uma diagramação mais tosca ainda.
Não, pensando bem isso não é o pior. O pior mesmo é que, como diria a Clarah Averbuck, esses caras pensam que a tradução para free-lance é lance grátis!
[Edison Veiga Junior]
ouvindo nada
Fala aí!
14.12.03
Linhas recheadas de línguas

Tec-tec-tec-tec-tec. Teclando. Entre bits e bytes minha língua míngua ou ainda deságua porque a língua não se acaba?
O guarda-língua assustou-se quando descobriu que a língua é uma grande metamorfose. Mas a língua, espevitada e linguaruda que só ela, não se fez de rogada: deu uma de Emília, mostrou-lhe a língua e virou as costas.
Tec-tec-tec-tec-tec. High-tech. Século XXI d. C. Depois do Computador? Não, ainda não. Apenas, depois de Cristo. E o mundo já nos veio pronto, estruturado, organizado linearmente como se nem coubesse um hipertexto nem pedacinho de poesia.
O guarda-língua ficou tão sem graça que decidiu fugir rapidamente para o meio da guerra. Dizem as más-línguas, todas vermelhas e grandes, que ele fica lá deitado o dia todinho, esperando que alguma bomba colorida acerte sua cabeça e exploda sua língua junto. Enquanto isso, deixa a barba crescer em pensamento.
Tec-tec-tec-tec-tec. Trec. Se o computador quebrou, não tem mais tec-tec, mas ainda há toda a piração que nunca se sabe se é ins ou trans. Porque é urgentemente preciso des-ser o que sempre fomos e sub-ir aonde sempre fomos.
O guarda-língua, casmurro, taciturno e sorumbático, irritou-se com a lenga-lenga da guerra. Entre fogo cruzado, pisou na pedra mais alta e pontiaguda e desatou a gritar.
- A história da língua é tão longa quanto a língua da girafa. Ninguém chega num acordo, mas não vale a pena brigar, já que as espadas seriam línguas afiadas.
A língua é apenas um rótulo de maionese que colamos para poder viajar nas coisas? Puro convencionalismo que nos ajuda a perceber o mundo tal e qual ele nos parece? Ou a língua nasce do mundo de maneira natural e assim suas palavras estão diretamente relacionadas ao seu significado?
No fundo o importante é cheirar os frutos e comer as flores. Inverter e subverter os paradigmas. Trabalhar nus. Depois todos caímos na mais profunda modorra, pensando sabermos a verdade e curtindo a estranha mentira de nos acharmos felizes. Talvez o importante mesmo da língua sejam os beijos.
(Alheio ao processo lingüístico, um garotinho ficou espantado ao ver o tamanho da língua de boi dependurada no açougue. Com o impacto, mordeu a língua.)
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Zé Ramalho
Fala aí!
13.12.03
Muda-planta pra cidade-muda onde me mudo

Na cidade onde ninguém sabe falar eu também me calei.
.
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Jongo Trio
Fala aí!
12.12.03
Ano novo chegando

Fui dar uma olhada na grade curricular e ver quais disciplinas terei no ano que vem. Parece que a coisa será bem mais prática, enfim será o fim tão esperado das tapeações teóricas? Vamos ver... Vamos ver...
O importante é que terei aula de Comunicação Comparada (Com Parada). Professor Fábio Negrão. Figuraça. Dá até vontade de tomar uma cerveja.
[Edison Veiga Junior]
ouvindo Arnaldo Antunes o genial concretista da música
Fala aí!